quinta-feira, março 27

Solidão ou egocentrismo?

A certeza de se estar sozinho no mundo, de ser solitário em seus próprios sentimentos, é constantemente difundida pelos psicólogos na ânsia de dar um conforto aos pacientes – “Está se sentindo só? Não se preocupe, é assim mesmo.” A constatação está lá no último livro do Irvim Yallow que eu li, “Carrascos do Amor”.

Concordo com a afirmação. Por mais que se tente expressar em palavras o que nossas emoções estão nos dizendo internamente, é impossível fazê-lo com fidelidade total. É como um amigo me disse ontem, numa conversa temperada com uma boa taça de vinho: “Às vezes, o silêncio fala muito mais do que diversas palavras.” Acredito que é por isso que ando tão reticente em hablar.

Estou com a sensação de que as pessoas neste mundo estão tão preocupadas com o seu próprio umbigo, com seus próprios problemas, com as suas próprias necessidades, com os seus próprios pensamentos e sentimentos que o ato de tentar compartilhar o que se passa comigo parece tolo e em vão. Aliás, seguindo esse mesmo raciocínio, essa teoria de que somos, no fundo, um bando de sozinhos co-habitando o mesmo planeta parece simplesmente redundante.

Ouvi há poucos dias que tenho um jeito “apaziguador”, estou sempre buscando o “meio do caminho”, uma forma de evitar o confronto entre pessoas que gosto e entre mim e essas pessoas. Procede. Ao refletir sobre os seis anos e meio de terapia que fiz, lembro que diversas vezes a psicóloga disse que minha disposição em entender o outro é muito grande e que o perigo é acabar esquecendo do que EU quero.

Pois é. Venho pensando exatamente sobre isso: quem eu sou, o que eu quero, quando é preciso dizer não, etc. Mas aí corro o risco de cair na armadilha de virar uma pessoa auto-centrada como aquelas que descrevi no terceiro parágrafo, não!? Não, se de fato o meu problema for o oposto, o de ser extremamente compreensiva com tudo e com todos.

Por estar com todos esses pensamentos e indagações sobrevoando minha mente e meu coração, sinto-me cansada, triste e sem vontade de falar. Além de correr grande risco de não ser ouvida, tudo que vou ouvir, tenho certeza, são mensagens como “o mundo é assim mesmo”, “sou assim mesmo”, “você precisa entender que...”.

Ao que tudo indica, ninguém mais presta atenção no outro, no que o outro está pensando, no que o outro está sentindo e qual é a nossa participação nisso tudo. Parece que o tempo anda tão escasso que ninguém quer mais desviar o seu próprio caminho um pouquinho para deixar o outro feliz ou contente. “Minha função no mundo não é essa” – claro. Outra frase que está no manual. Pois é. Ou virei peça de museu, ou, no fundo, sou a mais egoísta de todos e ainda não descobri.

sexta-feira, março 7

Escolhas

A auto-análise sobre as nossas escolhas é sempre muito difícil. Há tantas possibilidades e tantos caminhos a percorrer... Quando se tem 15, 18 anos, não há tempo e talvez nem amadurecimento suficiente para fazer esse exercício. Vai se vivendo, assim simplesmente. Experimentando, testando, sentindo e curtindo...

Mas quando se chega perto dos 30 anos a visão de mundo inevitavelmente muda. Já fizemos muita coisa, já experimentamos muita coisa e ainda temos muito tempo para novas experiências. Só que a inconseqüência já não existe mais e, mesmo quando queremos jogar para o alto qualquer tipo de planejamento ou de reflexão sobre o que vamos fazer e agir impulsivamente, já é diferente do que fazíamos na época da faculdade. O impulso já é, em si, resultado de uma decisão prévia de não querer olhar para o depois naquele momento. Ou seja, a idéia de passado e futuro já está entranhada na gente, o que foi conta sim e o que será é uma certeza, apesar de não sabermos seu formato, cor ou tamanho.

Por outro lado, perto dos 30 anos já temos ferramentas que nos permitem relativizar acontecimentos e emoções, sejam eles positivos ou negativos. A consciência sobre a temporalidade e o efêmero, se bem empregada por nós, vale ouro. A certeza de que tudo vai passar – amores, empregos, dores de dente, pele macia e lisa, momentos felizes, tristezas repentinas, paixões avassaladoras – nos ensina como funciona esta nossa vida que, muitas vezes, parece ser tão poderosa e, ao mesmo tempo, tão frágil.

Podemos tentar reverter resultados, afinal, só a morte não tem mais jeito. Se um caminho que parecia ser de pedras amarelas se mostrar cinzento, volte. Retorne ao ponto de partida, ou busque um atalho no meio do percurso. Mas as experiências vividas ao optar por um rumo, ao decidir voltar em um dado momento, ao tomar uma determinada atitude, essas ficam. São como carimbos no passaporte. Você pode até não ter gostado da cidade visitada, não ter aproveitado nada do passeio pois estava com a cabeça em alguém ou em outro lugar. Mas não tem jeito: o selo de cada alfândega está lá...

Já quis ser muitas pessoas na minha vida e continuo ainda querendo ser tantas outras – falo em “perfis” diferentes e não em seres específicos que conheço. Um dos meus grandes medos é me limitar a determinadas escolhas e não enxergar outras bem mais atraentes.

Talvez seja por isso que estou sempre me perguntando se é hora de me reinventar novamente.

quarta-feira, março 5

Férias!!

Férias! Até o dia 24, exclusive...

Uma das minhas atividades desde segunda-feira tem sido me entregar despretensiosamente à leitura... Estou lendo "1808", muito bom! Além disso, me dei o prazer de me dedicar a uma edição antiga da revista "Vida Simples" e começar a ler uma revista especial sobre sonhos... Estou no início, na parte que aborda o funcionamento do organismo durante o sono, a fase REM, etc.

Por falar em sonhos, tenho tido uns bem esquisitos. Em uma noite dessas, tive a capacidade de sair de um cenário high tech de academia com um professor gato para uma cela de tortura, em uma caverna, a la "Inquisição"... Isso que dá ficar lendo sobre história, genocídio, nazismo... Acabo sonhando com as práticas tenebrosas da igreja católica, em vez de usar melhor o meu tempo dormindo...

Que calor é este??? Tenho ido à praia desde domingo... Mas sem barraca é impossível!
Vou aproveitar minha magnífica tarde para ir ao shopping! Vou olhar as vitrines sem a menor pressão de ter que ir embora e vou ao cinema! Em plena tarde! :)