Acordei chateada, porque estou sempre pronta a dar apoio às pessoas que amo, a estar por perto, a ouvir, mas não tolero mais esse A de eterno. Posso seguir o caminho que for, mas escolho NÃO andar em círculos. O que ouvi ontem à noite me remeteu a essa “vida circular”. Essa sensação de que as coisas não andam para frente, ou de que a percepção de que elas estão caminhando para frente é equivocada... Isso me dá um nervoso. As mesmas afirmações, apenas disfarçadas de conteúdo novo, as mesmas indagações a cerca do que se é e do que se quer, as mesmíssimas questões... E o pior: reflexões que nada tem a ver comigo, mas que acabam vindo na minha direção de forma afiada, disfarçadas de questionamentos momentâneos.
quinta-feira, maio 29
Acordei chateada, porque estou sempre pronta a dar apoio às pessoas que amo, a estar por perto, a ouvir, mas não tolero mais esse A de eterno. Posso seguir o caminho que for, mas escolho NÃO andar em círculos. O que ouvi ontem à noite me remeteu a essa “vida circular”. Essa sensação de que as coisas não andam para frente, ou de que a percepção de que elas estão caminhando para frente é equivocada... Isso me dá um nervoso. As mesmas afirmações, apenas disfarçadas de conteúdo novo, as mesmas indagações a cerca do que se é e do que se quer, as mesmíssimas questões... E o pior: reflexões que nada tem a ver comigo, mas que acabam vindo na minha direção de forma afiada, disfarçadas de questionamentos momentâneos.
sexta-feira, maio 2
Xiiii! Silêncio!
Quando era mais nova, achava que o silêncio era simplesmente uma comprovação de um espaço vazio e me sentia na obrigação e com o poder de preenchê-lo. Quando no meu primeiro ano de terapia a psicóloga praticamente me mandou calar a boca (“Ué! Mas eu não venho aqui para falar?”), percebi que a minha percepção talvez estivesse um pouco “embaçada” ou talvez cheia de ruídos produzidos pelo meu “excesso de fala”. Hoje, entendo tão bem o que ela quis me dizer...
Conheço pessoas que falam o tempo inteiro, sem ao menos pensar no que estão falando. Indivíduos que têm opinião absolutamente sobre tudo e expõe seus pontos de vista como se fossem verdades universais. Entendem de tudo: desde as combinações de cromossomos a Domingão do Faustão. Se você se preocupa 24 horas por dia em afirmar e reafirmar o que “pensa” sobre as coisas, sobra tempo para pensar mesmo, para refletir, para se dedicar à pura percepção do mundo a sua volta?
Pergunte aos meus amigos e eles te dirão que me incluo no grupo de pessoas que falam muito. Gosto de me comunicar, sou curiosa para saber o que se passa na cabeça do outro, instigo, pergunto. Policio-me para não protagonizar monólogos. Ouvir às vezes é mais enriquecedor, principalmente se o seu interlocutor domina mais o tema daquela conversa que você. Quando isso acontece, viro entrevistadora. Alimento-me do que ouço.
Por outro lado, não tenho paciência para pessoas que dão voltas, que são prolixas, ou que fingem saber algo que não sabem. Se você não tem algo a dizer, simplesmente não diga. Volto para a primeira frase: a sutileza do silêncio.
Sou uma comunicadora por profissão e por vocação, mas tenho valorizado o silêncio cada vez mais. Como é bom chegar em casa à noite, depois de um dia de trabalho, e ouvir... o som do silêncio. Ele é rico, te proporciona entrar verdadeiramente em contato com você. Se um milhão de pensamentos surgem, deixe eles fluirem sem tentar controlá-los. Mas para falar a verdade gosto mais quando passo alguns instantes como se minha mente estivesse “esvaziada”, como se eu apenas existisse. Só. São poucos os momentos em que isso acontece e só percebo depois que eles já se foram. Como é bom!
Por falar em silêncio, no fim de semana passado fui assistir a “Fôlego”, filme do coreano Kim Ki-Duk. O longa-metragem é repleto de silêncios que preenchem a história. O sofrimento silencioso da mulher que decide buscar no presidiário a atenção que não consegue obter do marido e, ao mesmo tempo, a sua cantoria caricatural quando está com o preso... As cenas dos encarcerados não têm diálogo e, mesmo assim, são cheias de significado.
E você? Aprecia o silêncio para recarregar as baterias?