Por que é tão difícil abrir mão de um projeto fracassado ou cujo ciclo de vida já terminou? Por que há tanta gente chorando por aí devido a uma frustração de um fim de relacionamento? Porque é bem difícil olhar para o término com uma simples análise de “NÃO DEU, NÃO ROLOU”. Quem está de fora consegue fazer isso. Mas para o dono do coração machucado, o buraco é mais embaixo.
A sintonia entre duas pessoas termina porque ela acaba. Foge de uma explicação milimétrica ou de uma causa cronologicamente detectável. Da mesma forma que o desejo de estar junto se alimenta de pequenos e grandes momentos, de pactos firmados no silêncio, da cumplicidade que brota naturalmente, e da decisão de acreditar que o outro é especial porque o outro te faz muito bem; o enfraquecimento do “a gente” ocorre aos poucos, em pequenos desentendimentos, em alguns excessos de individualidade sucessivos, em tênues interrupções de encantamento, na divergência de planos.
Assim como muitas vezes não queremos ver que estamos cada vez mais envolvidos com aquela pessoa que conhecemos há pouco tempo e afirmamos sem convicção “não, não estamos levando a sério coisa alguma"; quando o gráfico do desejo inverte sua curva e começa a declinar, também demoramos a querer enxergar o início e o meio do fim – o que dirá declarar a sua morte, como fazem os médicos ao constatar que o paciente já não respira mais na mesa de operação. É triste, é doloroso, mas na maior parte das vezes, inevitável. É preciso encarar de frente a verdade universal: somos impotentes em muitos casos e a sabedoria está justamente em reconhecer quando chegou a hora de "jogar a toalha" e dizer "que puxaaa..."
Até existem técnicas de ressuscitamento... Acho que conversar ajuda. Mas devo dar um conselho, baseado em experiência própria: falar demais tem efeito contrário. Não esclarecer as coisas nunca é bom, porque acaba gerando desentendimentos, mas a verborragia é prejudicial à saúde de qualquer relação. Se você tenta explicar e prever até o que não aconteceu ainda e talvez nem aconteça, não sobra espaço algum para o inusitado desta nossa vida, para a mágica do indescritível...
Anyway. É sim difícil, bem difícil, abdicar de um desejo que a gente quis muito, construído dia a dia. Dói. E às vezes as pessoas se apegam a ele, exclusivamente a ele, quando tudo à sua volta já se foi, quando já “NÃO DÁ, NÃO ROLA MAIS”. E o que ficam são as lembranças dos bons momentos que, com o tempo, serão mais um punhado de doces memórias no nosso livro que começamos a escrever assim que nascemos. Mas até lá... leva tempo, meu caro. É um PRO-CES-SO. Não dá para pular etapas. As dores do coração nunca serão tranqüilas, mesmo para aqueles que decidem “congelar” o outro, “matar” o outro. A dor continua ali, mesmo mascarada, mesmo escondida e ainda mais difícil de ser alcançada pelo metiolate do tempo.
Bem...Pode ser que demore menos tempo do que você imaginou... Quem sabe? Quem sabe se já já surge um “novo projeto”? Mas de novo: nada disso é previsível. Viver não é previsível. E a grande graça, pelo menos para mim, é QUERER. É o mais importante verbo da vida.
terça-feira, novembro 18
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Um comentário:
Neste e em todos os momentos, faça algo por si, amiga: sorria. E entenda que o maior erro que podemos cometer é cair na simples e patética (porém tentadora) ilusão de que depositar em mãos alheias a parcela maior pela nossa responsabilidade é bom negócio...
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