terça-feira, abril 24

O QUE SE DIZ x O QUE SE FAZ

A diferença entre o que se diz e o que se faz pode ser grande, BEM grande. Ou não (maldito Caetano) ... Quando se fala muito, o que é apenas suposição ou imaginação ou ainda fantasia pode virar realidade. De um jeito ou de outro... Venho pensando nessa questão nos últimos dias...

DESDE QUANDO SINCERIDADE TOTAL É SINÔNIMO DE MATURIDADE? Acho que tem muito masoquista por aí confundindo as coisas...

Vou voltar a falar sobre isso. Agora minha concentração está toda voltada para a minha nova vida cuja estréia se dará quinta à noite!!!!

Contagem regressiva!!!!!!!!!!!!!!


sexta-feira, abril 13

Anão anda de ônibus???

- Senhorita, dá licença. Deixa eu lhe fazer uma pergunta, me abordou um senhor ainda na roleta.
- Você já viu algum anão no ônibus?
- Hummm... Não...
- Pois é. Estou desenvolvendo uma teoria: todo anão anda a pé.

Esse episódio aconteceu comigo outro dia. Mas a melhor é a história que ouvi:

A mãe de um colega de trabalho estava em um ônibus, quando entrou um baixinho, que não encontrou lugar para sentar.

- Ei, menino! Senta aqui no meu colo!

Quando o sujeito já se preparava para acatar o convite, um outro "baixinho" entrou.

- Senhora! Não deixa não! Ele não é criança! É anão!

O já desmascarado adulto acabou levando um tapa...

Tá vendo? Mas eu realmente nunca vi um anão em ônibus!

domingo, abril 8

A tristeza permitida

Este é um texto de Martha Medeiros, de 20/11/2005:

Se eu disser para você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair para compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai me dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela sempre que fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou com si mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas.

(..) Pega mal sofrer. Pois é, pega. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o eu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar uns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos para samba, para rock, para hip hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

quinta-feira, abril 5

"Falas de civilização, e de não dever ser, ou de não dever ser assim. Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos, com as coisas humanas postas desta maneira. Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos. Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor. Escuto sem te ouvir. Para que te quereria eu ouvir? Ouvindo-te nada ficaria sabendo. Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.

Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres. Ai de ti e de todos que levam a vida a querer inventar a máquina de fazer felicidade!"

(Fernando Pessoa)
O que você faria se achasse alguém que ainda não se encontrou? O que você faria se perdesse quem te encontrou?

Ter só uma lembrança de que alguém um certo dia te marcou Ser só uma lembrança de alguém que te marcou.

O que você faria se achasse alguém que fantasmas não libertou? O que você faria se perdesse quem te libertou?

(Clarice Lispector)

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Lapso da consciência entre ilusões,
Fantasmas me limitam e me contêm.Dorme inconsciente de alheios corações,
Coração de ninguém.

(Fernando Pessoa)

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Tudo o que vemos é outra coisa.
A maré vasta, a maré ansiosa,
É o eco de outra maré que está
Onde é real o mundo que há.
Tudo o que temos é esquecimento.
A noite fria, o passar do vento,
São sombras de mãos, cujos gestos são
A ilusão madre desta ilusão.

(...)

Tudo é permanentemente estranho, mesmamente
Descomunal, no pensamento fundo;
Tudo é mistério, tudo é transcendente
Na sua complexidade enorme:
Um raciocínio visionado e exterior,
Uma ordeira misteriosidade
Silêncio interior cheio de som.

(Fernando Pessoa)