sexta-feira, março 7

Escolhas

A auto-análise sobre as nossas escolhas é sempre muito difícil. Há tantas possibilidades e tantos caminhos a percorrer... Quando se tem 15, 18 anos, não há tempo e talvez nem amadurecimento suficiente para fazer esse exercício. Vai se vivendo, assim simplesmente. Experimentando, testando, sentindo e curtindo...

Mas quando se chega perto dos 30 anos a visão de mundo inevitavelmente muda. Já fizemos muita coisa, já experimentamos muita coisa e ainda temos muito tempo para novas experiências. Só que a inconseqüência já não existe mais e, mesmo quando queremos jogar para o alto qualquer tipo de planejamento ou de reflexão sobre o que vamos fazer e agir impulsivamente, já é diferente do que fazíamos na época da faculdade. O impulso já é, em si, resultado de uma decisão prévia de não querer olhar para o depois naquele momento. Ou seja, a idéia de passado e futuro já está entranhada na gente, o que foi conta sim e o que será é uma certeza, apesar de não sabermos seu formato, cor ou tamanho.

Por outro lado, perto dos 30 anos já temos ferramentas que nos permitem relativizar acontecimentos e emoções, sejam eles positivos ou negativos. A consciência sobre a temporalidade e o efêmero, se bem empregada por nós, vale ouro. A certeza de que tudo vai passar – amores, empregos, dores de dente, pele macia e lisa, momentos felizes, tristezas repentinas, paixões avassaladoras – nos ensina como funciona esta nossa vida que, muitas vezes, parece ser tão poderosa e, ao mesmo tempo, tão frágil.

Podemos tentar reverter resultados, afinal, só a morte não tem mais jeito. Se um caminho que parecia ser de pedras amarelas se mostrar cinzento, volte. Retorne ao ponto de partida, ou busque um atalho no meio do percurso. Mas as experiências vividas ao optar por um rumo, ao decidir voltar em um dado momento, ao tomar uma determinada atitude, essas ficam. São como carimbos no passaporte. Você pode até não ter gostado da cidade visitada, não ter aproveitado nada do passeio pois estava com a cabeça em alguém ou em outro lugar. Mas não tem jeito: o selo de cada alfândega está lá...

Já quis ser muitas pessoas na minha vida e continuo ainda querendo ser tantas outras – falo em “perfis” diferentes e não em seres específicos que conheço. Um dos meus grandes medos é me limitar a determinadas escolhas e não enxergar outras bem mais atraentes.

Talvez seja por isso que estou sempre me perguntando se é hora de me reinventar novamente.

Um comentário:

Glauco Paiva disse...

Confie na Jackie para postar algo sobre relativizar sentimentos e reinventar-se no momento em que eu mais preciso aplicar esses conceitos sobre minha própria pessoa....